sexta-feira, 24 de agosto de 2012

As influências do agronegócio no governo Lula

"O governo Lula foi eleito em outubro de 2002 com uma propaganda e compromissos claramente contrários à manutenção da política econômica neoliberal, opostos à prioridade dada pelo governo FHC ao agronegócio. Todos aqueles que votaram em Lula queriam mudanças. Caso contrário, teriam votado no candidato tucano José Serra.

No entanto, passadas as eleições, o governo Lula se revelou um governo ambíguo, que apesar de prometer mudanças, se baseou em alianças de partidos e de classe que ainda defendem o neoliberalismo, ficando refém do capital financeiro internacional. Na política econômica, administrada pelo Ministério da Fazenda e pelo Banco Central, manteve-se a linha anterior, com responsáveis claramente identificados com o partido perdedor. Para o Ministério da Indústria e Comércio, que cuida das exportações (mas poderia cuidar do mercado interno) e para o Ministério da Agricultura foram nomeados ministros identificados com o modelo do agronegócio. O ministro Luiz Fernando Furlan é sócio da Sadia e o ministro Roberto Rodrigues possui fazendas em Ribeirão Preto e no sul do Maranhão, que se dedicam ao agronegócio da soja, cana e laranja.

Na política do setor público agrícola, o governo não conseguiu reverter ainda o quadro de abstenção do Estado. No crédito rural, houve um esforço do governo para criar o seguro agrícola, que interessa particularmente aos pequenos agricultores. Houve um esforço para aumentar os recursos de crédito destinados à agricultura familiar, através do Pronaf, que saltaram de 2 mil milhões para 5 mil milhões de reais. Mas isso não significa mudanças na estrutura fundiária. Os recursos públicos que estão sendo alocados pelo Banco do Brasil e pelo BNDES para as fazendas que se dedicam à exportação não foram reduzidos. O próprio Banco do Brasil fez propaganda nos jornais e revistas, mostrando que concedeu um volume de crédito de mais de 5 mil milhões de reais para aquelas dez empresas transnacionais que controlam a agricultura e para algumas poucas empresas transnacionais da celulose. Ou seja, menos de 15 empresas receberam o mesmo volume dos recursos que foram destinados para 4 milhões de agricultores familiares.

Dessa forma, embora o governo tenha se comprometido com a Reforma Agrária e com o fortalecimento da agricultura camponesa, na prática os Ministérios mais fortes atuam claramente priorizando a agricultura do agronegócio, a monocultura e exportação de grãos."

Fonte: http://resistir.info/brasil/agronegocio.html#3

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