sexta-feira, 24 de agosto de 2012

O debate nos meios acadêmicos e jornais

"O poder de influência do agronegócio é tão grande que afeta também intelectuais e jornalistas, que reproduzem a luta ideológica nos meios universitários e na imprensa. É comum vermos artigos e reportagens cantando em prosa e verso as belezas do agronegócio. Alguns intelectuais, inclusive com origem na esquerda, defendem que a saída para a pequena agricultura seria também entrar no agronegócio. Sindicalistas já copiaram mal essa idéia e chegam a falar em "agronegocinho". Não percebem que, de fato, há uma luta entre dois modos de organizar a produção agrícola em nossa sociedade. O modo do agronegócio, que já descrevemos acima, e de outro lado, a agricultura camponesa, baseada em estabelecimentos agrícolas familiares, menores, que se dedicam à policultura (produzem vários produtos) de alimentos, dão trabalho a milhares de pessoas, da família e de fora dela, que produzem e desenvolvem o mercado local e interno.

Alguns chegam a argumentar que é possível a convivência dos dois modelos. Trata-se apenas de uma forma envergonhada de defender o agronegócio. É claro que sempre haverá unidades de produção maiores e que se dedicam à exportação. É preciso identificar que tipo de prioridade e de política agrícola o governo e a sociedade defendem.

A nossa sociedade vai usar a terra e a agricultura para produzir alimentos, distribuir renda e fixar o homem no território ou vai entregar as terras para as grandes fazendas, que vão expulsar a população, ganhar muito dinheiro e dar prioridade para a exportação?

Essa é a verdadeira disputa. São dois projetos de agricultura para o Brasil. Por essa razão, os representantes do agronegócio atacam tanto a Reforma Agrária. Aparentemente, não há relação afinal, se o agronegócio possui fazendas produtivas, elas estão a salvo da desapropriação. Então, por que o agronegócio ataca a Reforma Agrária, inclusive por intermédio dos ministros da Agricultura e da Fazenda?

Por duas razões: primeiro, porque eles sabem que a Reforma Agrária fortalece o modelo contrário de ocupação da terra e de produção agrícola. Em segundo lugar, porque eles também são proprietários do latifúndio improdutivo, que ao invés de ser compartilhado para ter uma função social, gerar emprego, distribuir renda e melhorar as condições de vida de nosso povo, é mantido como uma espécie de reserva de valor, para especulação ou para futura expansão de suas fazendas.

Portanto, não é possível compatibilizar os dois modelos. Eles poderão conviver por muito tempo, mas, do ponto de vista de proposta para a nossa sociedade, é preciso se definir: ou se defende a forma do agronegócio, ou se defende a agricultura camponesa, a fixação do homem no campo e a soberania alimentar. Definir-se pelo modo de produzir do agronegócio é aceitar também o modelo econômico neoliberal dominado pelos bancos, pelo capital financeiro e pelas transnacionais."

Fonte: http://resistir.info/brasil/agronegocio.html#6

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